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domingo, outubro 29, 2006

 

O pequeno Ego

Era uma vez um Ego,
Um pequeno Ego.
O pequeno Ego não percebia o que significava ser Ego,
nem percebia o motivo pelo qual, todos os dias, ora crescia, ora diminuía, ora tinha o tamanho normal que as pessoas diziam ser o tamanho normal de um pequeno Ego.
Um dia, o pequeno Ego perguntou ao grande Ego:
Grande Ego, porque é que eu cresço e diminuo e continuo sempre a ser um pequeno Ego?
Ao que o grande Ego não respondeu, franziu a sobrancelha, e presunçoso, virou a cara e foi-se embora.
O pequeno Ego, ficou ali, parado, a pensar que, se para se ser um grande Ego, é preciso tratar mal as pessoas. Pensou também se o grande Ego seria tão grande que nem sequer dava pela sua pequenez... a pequenez do pequeno ego. E ao ter este pensamento, o pequeno Ego, diminuio.
Mais tarde, o ainda mais pequeno Ego, ainda a matutar no assunto, foi ter com a Ega mãe:
- Ega mãe, porque é que eu não consigo crescer tanto como os outros meninos Egos ?
ao que a mãe Ega respondeu:
-Pequeno Ego, sabes que sempre foste mais pequenino que os outros Eguinhos.
Ouve, não penses nessas coisas, nem tentes ser o que não nasceste para ser... está bem ?
O pequeno Ego concordou com a cabeça, e foi para o quarto chorar sobre o assunto enquanto diminuia mais um bocadinho.
Adormecido em lágrimas, o ainda mais pequenino Ego acordou no dia seguinte com vontade de perceber os porquês e também com uma insoportável vontade de crescer.
Assim sendo, o agora minúsculo ego, foi falar com os colegas Egos e com a professora Egona numa espécie de reunião de escola.
Quando pôs o caso aos amiguinhos e à amiguinha especial (que nunca tinha dado por ele), as reacçoes foram unânimes:
-Hahahahahahaha!
Ao que a professora Egona acrescentou:
-Volta a terra pequeno Ego, o mundo não é para quem sonha crescer, é para quem já nasceu enorme.
Acrescentando também uma ligeira gargalhada.
O pequeno Ego, destroçado, voltou para casa, já sem lágrimas para chorar, equanto diminuía o que pensava já impossivel de diminuir.
Chegando a casa, irritado, magoado revoltado e principalmente minúsculo e practicamente invísivel, o pequeno Ego, decidiu ir tirar a prova dos nove, e ver se realmente toda esta gente estava, de facto, certa.
Nestes pensamentos de reflexão e procura de si próprio, o pequeno Ego, deparou-se com um estranho objecto, que sabia ser muito adorado pelos senhores grandes Egos, que ao que parecia nos mostrava a nossa imagem;
esse objecto era o espelho.
Então, o pequeno Ego caminhou até ele, e lá chegando fixou-o com uma força tal que ele pensava até nem ter.
Olhou, olhou, olhou, olhou, olhou, olhou, olhou, olhou, olhou, olhou, olhou, olhou,
e depois de muito olhar e de seriamente se observar....
o pequeno Ego desapareceu.

No dia seguinte quando todos deram pela sua falta, e se aperceberam que nunca mais viriam o pequeno Ego;
O grande Ego,
a Ega mãe,
os colegas Egos,
a colega especial Ega,
e a professora Egona,
de comum acordo exclamaram:
Mas que grande Ego que ele foi!

 

Setembro2006

'' Fazes-me falta porque sim, fazes-me falta porque não.

Fazes-me falta porque não tenho orgulho, fazes-me falta porque me fazes falta.

Eu roubava-te o chuveiro e tu não gostavas, mas eu gostava da tua cara quando não gostavas. Eu gostava de te roubar o lençol durante a noite e tu espirravas porque estavas com frio e eu fazia de propósito, porque assim podia-te abraçar e dizer que te queria aquecer, e tu abraçavas-me e gostavas que eu te aquecesse.

Todas as manhãs punha o teu perfume porque queria sentir-te mesmo quando não estavas perto de mim, e tu escondeste o teu perfume porque já era pouco, mas mesmo assim eu punha ás escondidas e jurava sempre que te ía comprar outro frasco, mas nunca comprei, e estou tão arrependida.

Fazes-me falta porque te fazia o jantar e tu comias e mesmo quando eu sabia que me tinha esquecido do sal, tu dizias que era a melhor comida que já comeste em toda a tua vida, mesmo que depois fosses comer um pão com queijo para tapar o buraquinho da fome, mas mesmo assim eu acreditava em ti, porque eu sempre acreditei em ti e tu não acreditavas em mim, mesmo quando eu te dizia que tinhas de acreditar em mim porque eu nunca te menti sabes?

Fazes-me falta nas viagens do nosso comboio, porque são grandes e eu não tenho com quem conversar, e eu queria que tu fosses sempre ao meu lado porque tu falavas comigo, e mesmo quando eu não respondia tu já sabias que era porque eu gostava só de te ouvir e ouvir. E às vezes eu adormecia no teu colo, e tu acordavas-me com beijinhos porque tu sabes que eu fico rabujenta quando acordo, e tu não gostavas de me ver rabujenta.

Fazes-me falta porque eu dobrava as tuas meias como se fossem as meias mais preciosas do mundo, e eu sei que tu gostas de ter as meias dobradas e também gostas de ter a roupa engomada e eu não sei engomar muito bem, mas engomava a tua roupa com o maior amor do mundo, mesmo que a roupa ficasse com o maior vinco do mundo.

Fazes-me falta porque eu todas as noites te aquecia um copo de leite e tu ias para a cama mais aconchegado e eu deitava-me ao teu lado e tu pedias com voz pequenina para eu te fazer festinhas e cantar baixinho ao teu ouvido, e mesmo quando eu estava muito, muito cansada, eu reunía as forças do meu amor por ti e fazia-te as tais festinhas na cabeça e cantava-te a nossa música, e mesmo quando já me doíam as mãos e as unhas eu continuava porque eu sabia que tu gostavas das minhas unhas , tu pedias sempre para eu fazer festas com as unhas porque tu não gostavas que eu as fizesse com a cabeça dos dedos.

E de manhã eu punha o meu despertador porque eu sabia que tu desligavas o teu só para eu não me ir embora, mas ás vezes eu não punha o meu despertador porque às vezes eu não queria ir embora.

Fazes-me falta porque eu comprava-te chocolates para depois irmos ver filmes bem agarradinhos no sofá e às vezes no meio do filme tu dizias baixinho que nunca me ías deixar e dizias baixinho que me amavas e eu respondia-te com um beijo baixinho e tu percebias a minha resposta.

E às vezes eu não me conseguia calar e falava muito alto e tu agarravas-me e com jeitinho dizias que eu tinha de falar baixo porque os vizinhos de cima não gostavam de barulho.

Lembras-te? Lembras-te como eu me lembro?

Fazes-me falta porque sim, fazes-me falta porque não, fazes-me falta porque me fazes falta e eu não gosto nada de sentir a tua falta, mas fazes-me falta porque eu ainda te amo e irei sempre amar. ''




Joana Luís de Castro

terça-feira, outubro 24, 2006

 

'Devia estar a sonhar' ou 'As queixas vãs das almas clonadas'

Ela pensa que são espíritos que me incomodam enquanto sofro febril deitado na cama onde outrora morreu a minha avó.
Não percebe que a doença, a não ser física, não tem que ser paranormal.
Enche-me o quarto de incenso, esse bem cheiroso veneno de fantasma, enchendo-me a respiração de mais maus ares para eu respirar.
-Sai daqui! - gritei-lhe eu com esperanças de sossego.
- O que tens tu? - respondeu-me ela com esperanças filantropas.
Ela não percebe que só quero estar sozinho, a lamentar-me dos males que gostaria de sofrer.
Fico assim, todo o dia e toda a noite deitado na mesma cama, e já não consigo diferenciar o que é sonho do que não é,
(nunca consegui)
e quando ela me entra no quarto, não sei se ela é o anjo que me irrompe a realidade ou os demónios dos meus mais sombrios sonhos.
-Sai daqui! - imploro-lhe eu com vontade de morrer
-Só te quero ajudar! - Grita-me ela à procura de uma vida.
Ela pensa que a solidão é um castigo, enquanto eu nela vejo um refúgio e a única esperança de salvação.
Vós que viveis só por viver, o que haveis feito?
Onde estão as vossas criações, que eu as não vejo ?
Viveis uma vida de dia a dia, drogados pelo dia e pela noite e pelo relógio que os controla.
Minha será a noite e meu será o dia, quando ambos não forem nem uma coisa nem outra.
Eu, mais que qualquer um de vós, mereço uma vida bem vivida, e fico deitado toda a noite e todo o dia controlado pelos vossos relógios e com nojo da certeza de que se me levanto terei de ver os vossos olhos vazios e de caminhar ao lado dos vossos passos sem sentido.
- ''FORA DAQUI! VAMOS! VOLTEM PARA DONDE VIERAM'' - Ordenei-lhes
- ACOOOOOOOORDA - Ordenou-me ela
- O que se passa? estou a sonhar ?
- Estavas a delirar, meu filho - disse-me ela com a aquela voz doce e preocupada que usa para me acordar todas as manhãs.
-Bom dia - respondi-lhe eu.
Depois, levantei-me, olhei para o relógio assustado, vesti-me rapidamente, peguei na pasta aturduado e ao sair de casa a correr, disse-lhe:
- Já estou meia hora atrasado, porque é que não me acordaste antes pa ?!

 
- Sr. Doutor, eu estou doente.

- Sr. Paciente, tenha calma.

quarta-feira, outubro 18, 2006

 

Sufre como yo

Yo quiero que tú sufras lo que yo sufro
y aprenderé a rezar para lograrlo
yo quiero que te sientas tan inútil
como un vaso sin whisky entre las manos

y que sientas en tu pecho
el corazón
como si fuera de otro
y te doliera. yo te deseo la muerte
donde tú estés
y aprenderé a rezar para lograrlo

yo quiero que tú sufras lo que yo sufro
y aprenderé a rezar para lograrlo

Yo quiero que te asomes
a cada hora
como un preso aferrado
a su ventana
y que te sean las piedras de la calle
el único paisaje de tus ojos.

yo te deseo la muerte
donde tu estés
por dios que aprenderé a rezar
para lograrlo


Albert Pla

domingo, outubro 15, 2006

 

Aquele dia

O chão parou e os gritos calaram-se.

Ficaram apenas uns pequenos tremores nos pés e um ruído de dores nos nossos ouvidos.

Ficou a memória instável de uma instância mal estacionada.

A energia que ficou no ar, ficará para sempre dentro de nós que o respiramos.

Todas as vozes e passos parecem agora mais pesados e distantes depois daquele dia.

Agora, um delícioso medo, atordoa-me a alma: perdída, possuída e sem vontade de ser exorcizada.

Uma espécie de masoquismo, uma doce dor, uma estranha vontade de sofrer.

Hoje, estou sozinho e com saudades de ser o que já fui e saudade de ser o que sou mas que nunca serei.

A minha desgraça é a minha salvação e a minha genialidade é a minha doença.

Estou cansado de continar vivo, assim, vivo só por viver, como as pedras da calçada que não têm outra opção se nao serem pisadas,

dias após dia,

todos os dias,

pé atras de pé

todos os pés.

Aquele dia foi importante para todos, mas nem todos lhe deram a importância que este realmente teve:

as coisas estranhas acontecem, nós é que estamos distraídos de mais para reparar-mos nelas.

E eu, todos os dias, desocupado como sou, vejo o mundo transformar-se e tranformar-me por completo, mesmo em frente aos meus olhos bêbedos.

Um dia, quando alguém ler alto o que escrevi, como quem lê o que escrevi com o pensamento com que eu escrevi,

seja um génio, um doente mental, um trabalhador das obras ou um catedrático ou qualquer outra coisa qulquer que quiser ser,

perceberá, sem qualquer dificuldade, o que se passou naquele dia e em todos os dias que se seguiram após esse:

Nada!

E aí, vai com certeza perceber cada letrinha e o conjunto, de cada 'átomo' que forma a palavra 'Nada'.

Bem-vindo a mim.


domingo, outubro 08, 2006

 

Adão 06


Quando a minha mãe me baptizou com o nome Adão, nunca pensei que todo o meu destino e personalidade tivesse tal ligação com essa personagem desse tão antigo Best-seller.
Não sei se me tornei e me vou tornando verdadeiramente nesse velho Adão ou se é a minha imagem destorcida de tal nome que me vai transformando como eu vou sendo.
A verdade é que além de todas as semelhanças,
eu e ele temos alguma fortes diferenças.
Eu não vejo, de todo, este sítio deserto onde vivo, como um paraiso que perdemos por disfrutarmos do fruto proíbido.
É antes uma condenação, este 'paraíso' onde vivo,
uma... prisão de bondade e inconsciência que me embebeda e me vacina contra aquilo que consideram como o 'mal'.
Pudesse eu dar uma costela ou qualquer coisa parecida por uma companhia qualquer.
Não posso.
E esta vontade de ser rebelde torna-se mais fraca por não ter companhia nem espectadores.
Vou vivendo assim, ao sabor do... deixa andar e ao medo do alcançar a tal 'maçanzinha'
Cada dia que passa, a verdade é que tenho mais vontade de pegar nela e esquecer esse tal sonho que não consigo imaginar como seja.
Nunca ninguém que experimentou esta maçã, voltou para contar a história.
Mantenho-me aqui, sozinho, o último, o sobrevivente, preso a esta vida.
Não consigo perceber o uso da palavra liberdade na 'politica' se nem sequer temos liberdade no viver'
nunca Adão e eu ou qualquer homem ou mulher, teve a liberdade para escolher viver.
Tenho sim, a liberdade de seder as tentações deste animal da árvore e acabar com tudo isto.
Não consigo chegar lá.
Está tão longe...
Parece que, mesmo quando estou mais decidido a ceder, qualquer coisa como o chamado 'destino' não me deixa,
nem sei quando me deixará.
Continuo então assim, Adão, a ver passar todos os dias por mim, com a tentação de nada conseguir fazer para escolher esta minha liberdade.
Porque se não escolho viver e vivo à mesma, a única forma de liberdade será acabar com tudo isso que não escolhi fazer,
Mas sempre que lá tento chegar há algo que não me deixa:
ou o medo,
ou a esperãnça
ou nada disto que não compreendo bem o quê..
Então eu, Adão, enquanto não consigo lá chegar...
Vou vivendo ao sabor de sempre:
o do 'deixa andar'.



Fotografia de Diogo Seoane Gomes
(www.m00-pt.deviantart.com)

 

Idealismos e Utopias de grandes poetas hipócritas

se ao menos não houvesse religiões para as crianças crescerem sem esperanças e os velhos morrerem sem desilusões
se pudessemos viver para hoje sem medo do ontem e do amanhã
se fosse possivel sairmos debaixo deste céu e esquecemos as nossas mais antigas noçoes
se conseguissemos esquecer as tristezas inventadas e viver uma vida sã

se deixassemos de criar culpas e culpados e inventar o bem e o mal
se trabalhassemos em equipa sem excessivas vontades invejosas
se vivessemos todos os dias como no natal
e alimentassemos as crianças gulososas

não havendo vergonhas nem traumas e preconceitos
nem primeiros ministros e reis e presidentes mal eleitos
se nao houvessem armas nem explosões
e vivessemos de paz e paixoes
se fossemos vivendo a pensar só no dia a dia
numa eterna alegria

se um dia alguem inventasse um mundo assim, esquecesse o outro e exclamasse:
-Eureca !
Meus amigos, o mundo seria uma grandessisima seca.

sexta-feira, outubro 06, 2006

 

Ájax !

'Se Aquiles fosse vivo e quisesse confiar a algum herói as suas armas, ninguém melhor do que eu as saberia usar. Mas os Atridas iludiram-se com um homem capaz de tudo, deixando, para trás, este varão.'

'Entretanto eles, a salvo, riem-se , agora, do meu malogro; pois, quando um deus se dispõe a fazer sentir o seu poder, até o mais vil dos homens, ante o mais nobre, logra escapar.'

'É vergonhoso que um homem que não consegue mudar a sorte de seus males queira viver tanto como qualquer outro homem, pois, somando dia após dia, que prazer deles pode tirar, sabendo que só lhe resta a morte ? '

'Nem uma só palavra de apreço me merecerá o mortal que se deslumbra com o fulgor de esperanças vãs.'

'Para ele, homem nobre, nao há outra alternativa: ou viver com honra ou com ela morrer.'

'O incomensurável e longo tempo atira para a luz quanto nela não estava, e oculta o que nela existia.'

'Pai, com a ajuda dos deuses, qualquer que nada valha poder obter a vitória. Mas eu estou convencido de que vencerei, mesmo sem tal ajuda.'

'O viver consciente é incompatível com a felicidade, e a inconsciência, se é um mal, ao menos não provoca sofrimentos.'

'Ó morte! Ó morte! Pousa em mim teus olhos e poderei, então, falar contigo, quando contigo estiver para sempre.'

'O que há que fazer, deve ser feito já!'

'O Resto haverá tempo bastante, em Hades, para o explicar aos mortos.'

'Tudo o que tinha para vos dizer o ouvistes já!'





Sófocles, Ájax

segunda-feira, outubro 02, 2006

 

Parabéns meu filho!

E de repente.... cá está,
as coisas mudam todas e toda a gente te parece nova e diferente, meu filho.
Sentes que a tua vida é uma espécie de 'graçola' do tempo
e as tuas gloriosas, grandiosas e nobres intenções, sao afinal o teu fado traidor.
Um dia vais-te ver ao espelho e vais saber que nada disto vale a pena,
nada disto faz sentido,
nada disto é eterno
e nunca completamente real.
Vais-te sentir esquecido e com uma amenesia de sentimentos tal que te esqueces do sabor do amor que outrora sentiste.
vais querer morrer e nao terás coragem para isso.
vais querer que te matem e ninguem te odiará,
vais querer estar sozinho e ninguém te amará,
vais deixar de acreditar em Deus e quando estiveres sem ninguém vais-te sentir completamente só e vais ter medo,
vais tremer de medo ,
vais beber para esquecer o medo,
vais gritar para esquecer a vida,
vais correr para fugir a morte,
vais sentir tudo a mudar e o tempo a passar por ti com uma velocidade estonteante e incontrolável,
acompanhada de uma gargalhada que te humilha e te leva de novo à tua dura sobriedade
e quando estiveres perdidamente desesperado e sentires que não podes voltar atras,
vais olhar para mim, no fundo dos meus olhos, vais sorrir e exclamar:
Já sou um homem meu Pai.

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