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terça-feira, agosto 29, 2006

 

High Drugs

Estou... completamente drogada
Sim, sei que isto me destrói aos poucos
Sei que o meu corpo sensivel de mulher não aguenta estas doses exageradas que desvanescem o meu ser.
Sei que fico deprimida cada vez que me deparo no espelho com esta imagem decadente de galdéria.
Serei eu ?
não sei.
Estas... visões
Estas... duvidas do que é ou nao é real estão a dar comigo em doida
Não sei se estou agora a escrever realmente o que estou a escrever ou se tudo isto é sonho
E se for, sei que amanhã vou acordar com uma recordação remota do que aqui acabo de relatar
Sei.. ou desconfio que provavelmente a culpa é toda minha
Afinal, sempre vivi cada dia como se não houvesse amanhã
Mas esta droga...
Esta droga é bem diferente e eu quero acabar com isto
Estas doses de droga que me obrigam a tomar dia após dia
Após dia
Após dia
Sei que me drogam em tudo o que faço e enquanto durmo também
esta droga que metem na televisao
Na publicidade
Nas novelas
Nos filmes
Nos jornais
Nas paredes
Nas estradas
No leite
No vinho
Na água
este BEM
este MAL, em que nos obrigam a acreditar
Tentam ensinar-me o que é amor dia após dia
após dia
após dia..
a mim !
Eu que fui a mulher que mais amou à face desta pobre terra, terra pobre
E esta droga acabou com tudo
...
Quero deixar
Pronto, confesso que estou viciada
Quero parar com esta vida de sofrimento e auto-mutilação
Mas a verdade é que não me deixam
Não me deixam
Drogam-me as escondidas
Lavam-me o cérebro a mim e a todos com uma perspicácia impressionante
Mas hoje não
Não
Hoje não
Hoje estou realmente sóbria como se não houvesse amanhã
Estou realmente lúcida como se soubesse que é o fim
E descobri todas as coisas
E despi todas as carecas e segredos das drogas que me obrigam a tomar
Não !
Não vão controlar mais os meus passos
Hoje não !
Acordei do meu trance
E sei que eu
Só eu..
Posso acabar com isto tudo
A minha mão pode decidir a a minha vida...
a minha mão pode decidir a minha morte...
...
Mas não consigo !
o MEDO que eles me injectaram todos estes anos parece ser mais forte que a minha suposta força de vontade.
Mas é agora !
Eu sei que é agora
É o fim
Hoje vou continuar a fazer tudo como sempre fiz:
Como se não houvesse amanhã !

e...
afinal...
no dia aseguir...
afinal no dia aseguir, houve amanhã, claro, como sempre...
Houve amanhã..
Mas não para mim.

sexta-feira, agosto 25, 2006

 

Bom dia, sou um cigarro


Gostava hoje de deixar aqui bem claro o meu depoimento ao mundo
(antes que seja tarde de mais)
Acredito e compreendo que pessoas como vocês nunca cheguem a perceber o verdadeiro significado destas palavras porque, ao contrário de mim, vocês nunca tiveram dentro das minhas entranhas, não é ?
um estranho drama este de um... cigarro
Acredito que nunca percebam o medo de estar dentro de uma lata de sardinhas a que voces dão o nome de.. 'maço de tabaco', minuto após minuto, hora após hora e por vezes, dia após dia, sabendo que mais tarde ou mais cedo vais ser escolhido e aí, aí meus amigos não há volta a dar
É que nem sequer me posso desviar
Vocês não sabem o que é estar à mercê de uma mão qualquer que a qualquer momento vos vai pegar e enfiar na sua boca nojenta e com um isqueiro qualquer vai acabar com a vossa vida depois de vos encher de cuspo
e pior:
Não se morres logo
Tens de sofrer
Tens de te ver a morrer
Consegues ver-te a queimar aos poucos e poucos e o tempo a passar e tu a arderes, a diminuires e saberes que de qualquer maneira, faças o que fizeres, dali a dois minutos apagam-te num cinzeiro qualquer devagarinho, devagarinho, lentamente até não sobrar uma unica faiscazinha da tua vida
Acho piada que ainda tenham a lata de escrever nesses tais 'maços de tabaco' coisas do tipo
'FUMAR MATA'
É como que uma doce e lenta vingaça esse tal de 'cancro no pulmão'
Mas dura-vos anos e anos de vida
Eu... só tenho dois minutos
Dois longos minutos que parecem a eternidade que voces vão desperdiçando
Eu mato mas também morro
Mas para mim morrer não é uma escolha, sabem ?
Eu não morro porque fumo seus filhos de uma granda puta
Eu morro porque sou fumado, percebem seus anormaloides de merda ?
Vocês nao sabem o que é estar condenado a ser uma marca
Eu sou Lucky Strike ao que parece
(ironia do destino não ? )
Lucky...
serei saboroso ao menos ? hãn ?
ou secalhar sabem, não sabem ?
Isso de estar condenado a marcas...
Vocês também se escondem atrás de 'maços de tabaco não escondem ?
Andam ao sabor das marcas...
Das modas...
Todos juntos em aglomerados de gente, verdadeiros maços de tabaco e no fundo dizem tanto...
como um cigarro
Eu ao menos tenho a dignidade de andar ao sabor do destino que me foi concebido, talvez por aquilo que vocês gostam de chamar 'Deus todo misecordioso'
É dificl não ter essa... vontade própria
Esse poder de acabar com a própria vida que vocês tanto usam
Se ao menos eu tivesse um isqueiro à mão para poder secar estas ridiculas... lágrimas de cigarro
De qualquer maneira não é preciso
ele já vem aí...
Fuma muito este senhor ao que parece
(eu já sou o sétimo no espaço de três horas)
Ao menos que fossem uns belos lábios de mulher a acabar comigo
mas ao que parece nem a minha condição sexual posso escolher...
De qualquer maneira e humor negro à parte...
Foi bom conversar convosco
Embora saiba que nunca irão perceber estas tolas confissões
E embora saiba que daqui a pouco tempo elas desaparecerão
E vão-se desvanescendo
e queimando
e queimando
e queimando
e queimando
e queimando
Até serem apagadas num cinzeiro qualquer vazio e sombrio tal e qual estes dois minutos que me restam
Obrigado, boa vida e lembrem-se:
FUMAR MATA !





Fotografia de Diogo Seoane Gomes
(www.m00-pt.deviantart.com)

sábado, agosto 19, 2006

 

Deambulações finais de um homem que antes de morrer teve um pesadelo em que a sua cidade estava de pernas para o ar

Esta cidade está de pernas para o ar
Está escuro e é de dia
acho eu....
as ruas são ecos de sombras que la passaram
só isso...
esta cidade está vazia e eu estou completamente só
Esvoaçam papeis publicitários de antigos espectaculos teatrais e musicais e coisas que tais e jornais velhos... sozinhos
Está frio e as ruas tresandam a nada e a esgotos virgens
Estou aqui há horas à procura de uma luz nesta cidade fantasma
Ninguém me ouve
Ninguém me entende
Ninguém me pecebe...
porque não está aqui ninguém!
Vejo qualquer coisa que não deslumbro bem já a alguns minutos
é muito escuro
Não sei se é o céu
Não sei se é o mar
Não sei se será aquela hora em que o céu se junta ao mar num universo de cores fundidas
sinto os quatro elementos a unirem-se a mim:
Sinto-me a arder
Sinto-me a sufocar
Sinto-me a afogar
E esta estrada é uma areia movediça que me transporta para dentro dela
Tento pela milésima quinta vez abrir os olhos o mais que posso para ver se isto é um sonho como acontecia quando eu era mais criança
Não acordo
E não tenho agora qualquer esperança de acordar
Este abrir de olhos constante tornou-se uma espécie tique que não consigo controlar
É a pura e dura realidade:
Esta cidade está de pernas para o ar...
ou serei eu ?
Secalhar sempre tudo esteve assim
Secalhar foi a minha cabeça que mudou e só agora reparo o quão sozinho eu estou
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH
Nem o meu eco responde quando grito
já urinei trêz vezes nas calças e a minha mãe ainda não refilou comigo
Será isto ?
Serei finalmente um homem?
O ultimo grito dela que eu me lembro foi:
-quando fores um homem tudo será diferente e não vais ter lá a tua mamã para te apoiar.'
Nem ela nem ninguém.
Nem queria que ela me apoiasse mas a unica coisa que me tem dado coragem é imaginar que numa destas janelas sujas e vazias está a corrente de ar da minha mãe a olhar por mim
(por mais vergonha que ela tivesse agora de eu ser quem me tornei)
Nunca pensei que o Requiem do Mozart fosse afinal a banda sonora da minha vida
ou pelo menos daquilo que se tornou a minha vida
Onde está a sonhada potencia e os herois do velho Richard ?
Quem sou eu afinal se não tenho ninguém para o provar ?
sou o Herói ou o zé ninguém de eu próprio
Não há herois quando não há nada para salvar pois não mãe ?
Não consigo sequer organizar as minhas ideias e a minha outrora genial cabeça
Vêm me mil ideias ao consciente ao mesmo tempo e não consigo permancer nem perceber uma única
Nem o perfume de uma mulher qualquer fosse ela quem fosse eu consigo cheirar
e as minhas calças tresandam a masturbação como todo o meu ser
Lembro-me das ultimas visoes que tive em sociedade:
um rato moribundo na passagem da estrada para o passeio
Ele tresandava a lixo e a solidão
e acostumado à beleza do mundo não aguentei mais olhar para aquele sangue que contaminava a existencia em geral
Senti-o a olhar para mim com uma estranha calma como que a dizer:
-Lá vem este gigante limpo e satisfeito e importante membro da sociedade acabar com o meu sofrimento. Obrigado amigo.'
Pisei-o e acabei como o sofrimento dele
Ele não aguentava mais pois não ?
(de qualquer maneira era feio como tudo, não era?)
Olho mais uma vez à minha volta e abro mais uma vez os olhos com toda a minha força
É inutil, isto é de facto a nua e crua realidade e não tenho uma cama quentinha à minha espera para aconchegar o meu pesadelo
Finalmente percebo o meu velho pai:
-a vida é isto e eu sou um Homem.
Pois bem pai, eu também já sou um homem sabes ?
e é aqui que desisto
Sento-me algures numa passagem da estrada para o passeio
Além de urina e masturbação consigo cheirar agora o mais fedorento cheiro de todos os cheiros que saem dentro de mim:
O da solidão.
Estas lagrimas de sangue são a primeira coisa que eu bebo desde à dias me parece
e será concerteza a ultima
Sei que não tardara muito para um gigante limpo e satisfeito e importante membro da sociedade me pisar e acabar com este meu sofrimento
e sabem que mais pa ?
estou ansioso para o ouvir dizer:
-de qualquer maneira ele era feio como tudo não era ?
-Era... obrigado amigo.

terça-feira, agosto 01, 2006

 
Pedimos desculpa ao nossos assiduos leitores mas terão de abdicar da vossa já tão habitual visita a este Blog durante dezoito dias, voltando o mesmo no dia 20 do corrente mês.
O Blog não vai de férias.
O Blog vai fazer um inter-rail com o fim não de se divertir mas de estudar novos povos e culturas para não deixar de satisfazer os seus magnificos leitores com novas historias sempre surprendentes, geniais e literalmente vanguardistas e perfeitas.
O Blog espera continuar a ter leitores quando voltar e deixa o seguinte conselho:
Esperem... vale a pena!


Ps: O blog gostaria também de deixar claro aquilo que parece escuro de perceber:
O Blog é, e será sempre uma figura independente do autor sendo as historias aqui relatas fruto de personagens distintas (muito distintas) de quem as escreve.
Dito isto o blog despede-se:
-Beijinhos, abraços e muitos palhaços!

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